Thursday, November 8, 2007

"Captain Beefheart" & Anton Corbijn


Em antecipação à estreia de "Control", pelo realizador Anton Corbijn, descobri há algum tempo um trabalho seu, datado de 1993, sobre uma personagem quase mítica da música actual.
Don van Vliet, também conhecido como "Captain Beefheart", líder dos experimentalistas/psicadélicos/free jazz Magic Band, íamos nós nos anos 60.
Mas Don van Vliet sempre foi mais que um mero músico, dedicando-se também à pintura. um homem do deserto, com sonhos e visões.
no início dos anos 80, retirou-se da música, escondendo-se do mundo, para se dedicar à pintura expressionista abstracta. entretanto a doença chegou e, pelo que rezam as crónicas, está actualmente confinado à cama.

Anton Corbijn, fotógrafo (capas de trabalhos dos U2, Echo & the Bunnyman, Depeche Mode, REM, Peter Murphy, Skunk Anansie, Nick Cave, etc), e realizador de clips de música (dos atrás, mais Joy Division, the Killers, etc) recuperou o "Captain Beefheart", 10 anos depois do início do retiro para, com a ajuda de David Lynch e a mãe van Vliet, realizar uma curta/documentário sobre a vida artística e pessoal (a relação com Zappa, o deserto, as pinturas, a truta...).

é um bom exercício, para conhecer algo sobre um dos músicos que mais influenciou a música actual.

Documentário aqui

a capa da Trout Mask Replica, o album "fundamental" dos Captain Beefheart and his Magic Band

2 comments:

Osvaldo said...

Tenho uma colectânea do Capitão Coração-de-Bife. Tem o delirante título «A Carrott is as Close as a Rabbit Gets to a Diamond» e alterna músicas "normais" com algumas das maiores bizarrias que já ouvi, julgo que por ordem cronológica.

Do pouco que conheço do ex-quase candidato a presidente dos EUA, Frank Zappa, acho que o Capitão tem tudo a ver. Moviam-se no mesmo universo sonoro. Ou então tomavam as mesmas drogas...

Cheguei ao Capitão através das referências assumidas pelos dEUS e por Tom Barman, em particular. No entanto, não detectei grandes semelhanças entre os dois, exceptuando alguma esquizofrenia musical que os dois primeiros álbuns e principalmente o EP «My Sister = My Clock» dos dEUS revelavam, para gáudio de uma imensa minoria. Mais tarde, pude perceber que essa esquizofrenia vinha mais de Stef Kamil Carlens (conferir nos Zita Swoon) do que de Tom Barman.

Infelizmente, os dEUS parecem ter perdido a sua validade, pelo menos a avaliar pelo fraquíssimo último álbum, em que Tom Barman passou a ser o único elemento criativo de uma banda que chegou a ter 4 compositores (Stef Kamil Carlens, Tom Barman, Rudy Trouvé e Craig Ward) e que sempre viveu muito da amálgama de estilos que cada um lhe injectava. Agora, dEUS é mais Tom Barman & Co.

Apesar disso, Tom Barman, que andou em digressão em 2002 (deu concerto no Paradise Garage em 14 de Março de 2002, ocasião aproveitada para meter conversa com ele e lhe pedir uns autógrafos nos álbuns dos dEUS - só faltou a fotografia para a posteridade), tocava uma versão de «Harry Irene», um dos temas mais acessíveis de Captain Beefheart. A letra revela um humor apurado, como se pode perceber pelo verso «Harry Irene were a couple that ran a canteen». A versão de Tom Barman chegou a passar bastante na Radar, por ocasião do lançamento do seu álbum ao vivo.

Voltando ao Capitão, recomendo a todos os melómanos que o descubram, pelo menos para alargar a cultura musical e da arte em geral. Mas não digam que não foram avisados!

Joao said...

Não te julgava "adepto" do Captain!
é de facto uma grande chapada que se leva, quando se houve alguns dos trabalhos dele.
ao mesmo tempo, e talvez por essa mesma razão, é um dos músicos mais mal compreendidos. mas as influências estão em muitas das bandas chamadas actuais e mais ou menos mainstream. o caso dos dEUS ou Franz Ferdinand e outros tantos.
Zappa? acho que a diferença se resume a: um morreu enquanto o outro flipou da tola com tanta droga na tola.
salvo erro, acho que já mereceu ser album de familia/semana na radar, o que revela que ainda por aí andam muitos mélomanos .. ahahhaahah

abraçao e bjs às meninas lá de casa!